Blog

O impacto econômico da mastite na cadeia produtiva do leite




O impacto econômico da mastite na cadeia produtiva do leiteA mastite bovina tem sido apontada como a principal doença que afeta os rebanhos leiteiros no mundo inteiro, causando sérios prejuízos econômicos tanto ao produtor de leite quanto à indústria de laticínios.

Ela é considerada um dos principais fatores de risco para o sistema de produção leiteira, sendo responsável por perdas econômicas expressivas em países desenvolvidos, apesar das diversas pesquisas e medidas preventivas já estabelecidas.

Quais são os impactos dessa doença?

 

Além dos impactos negativos na indústria, a mastite causa perdas econômicas aos produtores de leite, como:

 

  • Piora da qualidade do leite, que gera penalidade no preço pago por litro de leite e descarte de leite com resíduos de antibióticos.

 

  • Em casos graves, pode ocorrer a redução na capacidade de produção de leite do tecido secretor mamário de forma irreversível, o que consequentemente reduz a média de produção de leite por animal na próxima lactação.

 

 

Quais são os custos com a mastite?

 

Os custos associados aos casos de mastite incluem não apenas o volume de leite descartado, mas também o quanto a vaca deixa de produzir (redução do potencial de produção) e as alterações nos componentes do leite, em razão da menor qualidade. Além disso, outros custos são: 

  • medicamentos
  • mão de obra extra 
  • orientação técnica
  • gastos associados a possíveis doenças concomitantes 
  • em último caso, gastos associados ao descarte e reposição da vaca

 

Análises dos impactos econômicos 

 

Diante disso, as análises de impactos econômicos precisam ser diferenciadas de acordo com o tipo de mastite, por exemplo, os custos devido ao tratamento adotado em casos clínicos ou morte em casos graves de mastite clínica devem ser considerados na avaliação do impacto econômico da mastite clínica.

Além disso, os animais infectados terão uma alteração dos componentes do leite, com aumento no número de células somáticas, o que influenciará na menor vida de prateleira dos produtos. Sendo assim, a CCS está diretamente relacionada com o rendimento de derivados lácteos.

Quando o foco está relacionado diretamente com a parte financeira, os estudos realizados em propriedades brasileiras, para estimar os custos da mastite subclínica, apresentaram resultados de perda de 4,6 bilhões de litros de leite por ano no mundo, o que representaria aproximadamente 6,3 bilhões de reais levando-se em conta os dados de produção do ano de 2019. 

A mastite não está relacionada somente às perdas econômicas, mas também está associada com a saúde pública, devido à presença de agentes que podem transmitir doenças aos seres humanos, resíduos de antibióticos no leite, e à presença de bactérias resistentes que podem ser propagadas na comunidade.

Por causa da evidente diferença existente entre as propriedades e seus sistemas produtivos e a dificuldade apresentada pelos produtores em observar o impacto econômico que a doença acarreta nos custos de suas propriedades, pesquisadores holandeses desenvolveram uma ferramenta para o cálculo das perdas econômicas geradas por esta doença.

Os resultados do uso da ferramenta mostram que as perdas econômicas ocasionadas pela mastite variam com o tipo da doença, assim como com o nível de produção do rebanho leiteiro. Isso explica porque os custos associados à mastite variam entre rebanhos. 

A mastite subclínica é o tipo da enfermidade que ocasiona as maiores perdas na produção leiteira, o que pode representar de 15 a 24% da renda bruta. O impacto do custo total ocasionado pela mastite em proporção à renda bruta é maior em rebanhos de baixa produção. 

Por isso, é de extrema importância atentar-se ao impacto da mastite na lucratividade das propriedades, assim motivando setores públicos e privados a promoverem ações de controle e prevenção da enfermidade junto aos produtores rurais.

 

Quer conhecer 5 dicas infalíveis para prevenir a mastite em vacas leiteiras?

Clique aqui

 

 

Raphael Melo dos Reis

Raphael Melo dos Reis

Zootecnista e Mestrando em Ciências Veterinárias, é aluno do UFLALEITE, núcleo de estudos da UFLA formado por alunos de Zootecnia, Medicina Veterinária, Agronomia e Engenharia Agrícola, sob coordenação da Prof. Marina Danes. O UFLALEITE tem o objetivo de difundir conhecimento e tecnologia a pequenos produtores de leite, e a complementação do treinamento dos alunos na formação profissional. Para saber mais, visite o perfil do Instagram @uflaleite.