Créditos da imagem: Agro + Lean - Clínica do Leite
O modelo de gestão de fazendas Agro + Lean propõe a quem deseja implantar este sistema, princípios que todo gestor deve seguir e que não devem ser violados, pois, estes hábitos serão a diferença entre uma fazenda que sobrevive e uma que prospera e gera valor para o cliente, portanto, estes “mandamentos” devem ser interiorizados e até mesmo carregados no bolso para que sejam consultados antes das tomadas de decisões, quando surgirem dúvidas em relação à atitude do gerente.
A gestão de pessoas são o foco no sistema MDA, são elas que fazem a engrenagem girar. Mostrar que o trabalho desenvolvido por elas é parte importante do negócio leiteiro, dar atenção às dificuldades que surgem e respeitar a opinião, são ações que motivam e criam condições para o engajamento dos funcionários os quais passam a se sentir valorizados pela empresa.
O que é valor para meu cliente? No caso da maioria das fazendas de leite, nosso cliente é o laticínio e ele quer de nós volume constante, produção de leite de vaca com alto teor de sólidos e baixas CCS e CBT. Qualquer processo feito na criação de gado leiteiro que não colabore para entregar o que o cliente quer é desperdício e causa prejuízos na fazenda.
Esta é uma tarefa difícil, definir qual é o propósito do negócio. Este, deve ser claro e objetivo. Por que a empresa existe? No caso da criação de gado, da produção de leite e do mercado do leite, o propósito deve sempre buscar o sucesso da fazenda de leite, focando em qualidade e sustentabilidade. A partir do momento que se define o propósito, deve-se trabalhar sempre para ter foco e constância.
Significa que devemos entender que a fazenda é formada por sistemas que estão interligados — pastejo rotacionado, confinamento de gado, cama de compost barn, free stall, alimentação, ordenha e controle leiteiro, entre outros. Uma decisão tomada em relação à cama das vacas pode influenciar diretamente na qualidade do leite e na curva de lactação, por exemplo. Deve-se criar o hábito de enxergar toda a gestão de fazendas de leite como um sistema completo, visualizando o fluxo de trabalho e as conexões entre setores.
Eliminar as barreiras que impeçam as pessoas de realizar o trabalho com excelência para entregar o que o cliente valoriza. No contexto do MDA, isso inclui revisar o planejamento de estoque na fazenda, otimizar o transporte de insumos e aplicar a ferramenta 5S para melhorar a organização e reduzir desperdícios. Um fluxo de trabalho eficiente evita “anomalias” e favorece a administração do tempo, aumentando a produtividade diária.
Apenas conferir os resultados da análise do leite uma vez por mês não garante um produto de qualidade. Deve-se trabalhar para que cada tarefa da atividade leiteira seja realizada de forma padronizada e monitorada com controle leiteiro contínuo. O acompanhamento da curva de lactação e o cuidado com as vacas são fundamentais para contribuir diretamente para a qualidade e segurança alimentar, isto pode ser feito através dos “indicadores”.
Transformar a fazenda em uma escola, onde todos possam criar e desenvolver novas formas para solução de problemas, evitando que eles ocorram. A gestão de pessoas deve estimular a inovação e a melhoria contínua dos processos.
Queremos uma fazenda onde a média de produção de leite de vaca seja 50 litros/vaca/dia com 0% de casos de mastite. Impossível? Talvez, mas é possível trabalhar continuamente na busca pela perfeição. Isso envolve investir na gestão de fazendas, no bem-estar animal, na redução de prejuízos na fazenda, e em boas práticas que melhoram o conforto das vacas e o desempenho produtivo.
Este princípio está atrelado ao primeiro: para entender o trabalho é preciso estar junto dos funcionários. Muitas vezes é necessário fazer junto, identificar gargalos e criar formas de simplificar a rotina. A simplicidade e clareza nos processos garantem eficiência e menos prejuízos na fazenda.
Padronizar os processos e fazer sempre do mesmo jeito. Apenas desta forma, saberemos identificar falhas e agir com rapidez. A padronização auxilia na administração do tempo, evita desperdícios e melhora a qualidade da produção de leite. Em fazendas de leite que adotam o MDA, a melhoria contínua é um processo vivo, onde cada colaborador contribui para o sucesso do negócio leiteiro.
Estes princípios devem fazer parte da vida do gestor de fazendas. Quanto mais praticar, mais eles se tornarão hábitos. Ao longo do tempo, os resultados serão refletidos na cultura da empresa.
Quer entender um pouco mais sobre como o sistema MDA e a gestão de pessoas podem transformar sua criação de gado leiteiro e reduzir prejuízos na fazenda?
Médica Veterinária, Pós-Graduada em Administração de Agronegócios e professora da disciplina MDA na Fundação Roge no curso Técnico em Agropecuária. Pelo convívio e envolvimento na atividade leiteira, considera que o sucesso da empresa está condicionado à capacitação gerencial com foco nas pessoas.
