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Gestão de dados para o manejo reprodutivo




Gestão de dados para o manejo reprodutivo

Texto baseado no curso "Implementação de rotina reprodutiva na fazenda” no Clube Leiteiro, conduzido pelo Médico Veterinário João Paulo Ribeiro.

 

A reprodução na fazenda leiteira interfere diretamente na rentabilidade do negócio. Por isso, é muito importante adotar uma rotina reprodutiva eficiente. Ela interfere em aspectos muito relevantes relacionados à lucratividade, como o intervalo entre partos e os dias em lactação de uma vaca. Da mesma forma em que tudo o que é feito na fazenda, também interfere na reprodução.

A reprodução interfere diretamente em diferentes pontos na fazenda:

  • No intervalo entre partos, aspecto muito importante para definir se a fazenda é rentável ou não;
  • Na produção de animais jovens, que são o futuro da fazenda;
  • No DEL - Dias em Lactação da fazenda, destacando que quanto mais baixo o DEL de uma vaca, mais rentável ela é;
  • A média de produção de leite;
  • O melhoramento genético;
  • E a rentabilidade da fazenda, de maneira geral.

 

Logo ao nascimento da bezerra, os cuidados com a reprodução já podem ser adotados. São as medidas tomadas no nascimento e os primeiros cuidados, como por exemplo, a colostragem e a cura de umbigo, que irão garantir que as fases de cria e recria sejam saudáveis.

A importância das anotações

 

Independente do sistema de manejo, confinamento ou a pasto, intensivo ou semi-intensivo, um bom manejo reprodutivo começa com um cuidadoso sistema de anotações. A implementação de uma rotina de reprodução eficiente não acontece sem um bom registro e uma boa análise de dados, como por exemplo:

  • Data de nascimento: para definir em quanto tempo o animal será inseminado;
  • Quem é o pai e quem é a mãe desse indivíduo;
  • Ganho de peso diário, usando sempre a mesma fonte de medida;
  • Data em que esse animal pariu, o que vai permitir o cálculo de outros índices zootécnicos como o DEL - Dias em Lactação, e o PEV - Período de Espera Voluntária;
  • Data da cobertura ou inseminação: vai permitir o agendamento da visita do veterinário (se for o caso) para o diagnóstico de gestação. Também ajuda no controle do número de coberturas/inseminações, e no cálculo das taxas de concepção e de prenhez;
  • Número de lactações. É um dado que vai permitir a definição do melhor manejo reprodutivo a ser adotado com essa vaca;
  • Data da secagem;
  • Doenças relacionadas à reprodução, com a retenção de placenta, metrite e cetose;
  • Entre outros dados.

Como fazer essas anotações?

 

Quanto mais clareza nos dados, mais fácil será para a fazenda tomar decisões no dia a dia. Assim, os dados precisam ser fidedignos e claros, facilitando a interpretação na hora da análise.

O registro desses dados pode ser feito de forma manual em um caderno, ou digitalmente em uma planilha ou software específico para este fim. De acordo com a possibilidade e preferência da fazenda, o importante é manter em dia esses registros.

Quais decisões reprodutivas são tomadas a partir da análise dos dados?

 

1- PEV - Período de Espera Voluntária. 

É o período que a vaca leva para se recuperar de um parto. É quando acontece a regressão uterina e a recuperação de alguns distúrbios metabólicos, e que, portanto, não há condições de se fazer uma nova inseminação ou cobertura. Esse tempo é calculado a partir da análise dos dados do animal e deve ser bem definido pela equipe responsável pelo manejo reprodutivo. 

2- Protocolo de IATF e/ou Cio de retorno.

É a definição de qual protocolo de reprodução será utilizado para buscar a prenhez desse animal. Será utilizado um ou outro? Serão utilizados os dois? A análise dos dados registrados ajuda a definir essa questão. 

3- Período seco.

É definido a partir da análise do tempo que a vaca demorou para ficar prenha, o que pode ser analisado corretamente a partir da análise de dados da fazenda.

4- Frequência da visita do veterinário.

São as visitas para fazer o diagnóstico de gestação, definição de quais vacas irão entrar em protocolo, e que tipo de protocolo será usado em cada animal. A gestão dos dados reprodutivos dão base para a decisão do agendamento dessas atividades.

Atividades da rotina reprodutiva

 

1- Primeiro diagnóstico: os animais são levados até o tronco a partir de 28 dias da última inseminação para uma avaliação de prenhez ou não prenhez. A partir dessa informação, toma-se a decisão do que fazer: colocar em protocolo de IATF, observar cio de retorno, entre outras decisões possíveis.

2- Segundo diagnóstico: aos 60 dias após a última inseminação, para aqueles animais que tiveram a prenhez confirmada após 28 dias. É um procedimento para confirmar a prenhez e evitar animais vazios. 

3- Terceiro diagnóstico: para confirmação da prenhez aos 120 dias.

4- Quarto diagnóstico: para confirmação da prenhez aos 190 dias.

 

Além da confirmação da prenhez, em cada passo desse, inicia-se os protocolos de IATF nos animais vazios e dá-se sequência nos protocolos iniciados.

Sugestão de manejo reprodutivo semanal da Fazenda LA

 

As definições abaixo foram feitas a partir da experiência da Fazenda LA, Carmo de Minas-MG, relatadas pelo médico veterinário e gerente da propriedade, João Paulo Ribeiro, que destacou: “o intuito dessa rotina implementada é aumentar a velocidade da identificação dos animais vazios para definir o que será feito com cada um deles”.

A rotina reprodutiva da fazenda é feita de forma semanal, que pode ser ajustada para uma rotina quinzenal ou mensal, de acordo com a necessidade da propriedade de intensificar ou não a reprodução, o que é possível definir a partir dos dados anotados. 

Manejo reprodutivo da segunda-feira: 

  • Primeiro diagnóstico de gestação (28 a 30 dias após a última inseminação).
  • Segundo diagnóstico de gestação (60 dias após a última inseminação).
  • Terceiro diagnóstico de gestação (120 dias após a última inseminação).
  • Quarto diagnóstico de gestação (190 dias após a última inseminação).
  • Início de protocolo.
  • Sequência dos protocolos já iniciados.
  • Colagem da “raspadinha”, um marcador para identificar os animais que tiveram o cio de retorno (quando o animal repete o cio 21 dias depois da inseminação).

Manejo reprodutivo da quarta-feira: 

  • Sequência em protocolo já iniciado.
  • Primeiro diagnóstico de gestação (28 a 30 dias após a última inseminação).
  • Prostaglandina em animais vazios.
  • Conferência e colagem de raspadinha.
  • Animais com atividade no monitoramento por colar (sistema usado na Fazenda LA).

 

Manejo reprodutivo da sexta-feira:

  • Inseminação dos animais vindos do protocolo de IATF - Inseminação Artificial por Tempo Fixo.
  • Conferência e colagem de raspadinha.
  • Primeiro diagnóstico de gestação (28 a 30 dias após a última inseminação).
  • Prostaglandina em animais vazios.

 

João Paulo destacou que também é muito importante para o sucesso de uma boa rotina de reprodução, a capacitação técnica e engajamento da equipe. Assim como outros fatores operacionais relacionados a conforto, sanidade e manejo.

 

Quer aprender a medir a eficiência reprodutiva da fazenda? Leia nosso conteúdo do blog que trata do assunto:

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Fundação Roge

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