Texto baseado no curso “O período de transição em vacas leiteiras” no Clube Leiteiro, conduzido pela zootecnista Lisia Bertonha Corrêa.
A dieta aniônica é uma estratégia nutricional muito importante no pré-parto de vacas leiteiras, com efeito muito positivo sobre a produção e a saúde desses animais, com efeito prolongado durante a fase de lactação.
Mas como fazer essa dieta e quais os seus impactos?
Esse balanço diz respeito à diferença entre cátions e ânions presentes na dieta. Dietas com uma maior proporção de cátions são chamadas de dietas catiônicas, ou positivas, e provocam uma alcalose metabólica. Ao contrário disso, uma dieta com maior proporção de ânions é chamada de aniônica, ou negativa, e provocam uma acidose metabólica. E é possível manipular as dietas para que sejam catiônicas ou aniônicas.
Esse balanço exerce vários efeitos sobre o metabolismo animal, sendo que a sua principal função é atuar no equilíbrio ácido-base. Essa relação pode levar a diferenças significativas na redução de distúrbios metabólicos e na melhora do desempenho animal.
Com o progresso da lactação, o pH e a concentração de bicarbonato no sangue vão aumentando, o que sugere que:
Assim, o BCAD deve ser alto no início da lactação e diminuir no decorrer da lactação, tornando-se negativo 3 a 4 semanas antes do parto. Isso significa que as vacas em fase final de lactação devem comer dietas aniônicas, que ajudam na prevenção da hipocalcemia. E no início da lactação, deve-se fornecer dietas catiônicas que ajudam a melhorar o consumo e a aumentar a produção de leite.
O uso da dieta aniônica no pré-parto vai induzir a vaca a ter uma acidose metabólica que vai facilitar a reabsorção óssea e a absorção intestinal de cálcio. Ou seja, as dietas aniônicas baixam o pH e estimulam mecanismos que ajudam a manter o nível de cálcio mais alto.
Isso é feito através do acompanhamento do pH da urina das vacas, um indicador muito útil de carga ácida ou alcalina eliminada.
Em geral, o pH da urina de ruminantes varia de 7,4 a 8,4. Quando se utiliza dietas aniônicas, valores entre 6,0 e 7,0 (para a raça holandesa) já indicam eficiência na acidificação da dieta. Mas o ideal é que o pH fique entre 5,5 e 6,5 para se obter melhores resultados.
O gráfico abaixo mostra claramente o pH urinário de vacas com dieta aniônica, apresentando um nível baixo antes do parto (0 - zero no gráfico) e voltando a subir após o parto, sem a dieta aniônica:
O tempo de uso de uma dieta aniônica varia de 3 a 4 semanas antes do parto (aproximadamente 21 dias), fornecido ao lote de vacas no pré-parto.
A resposta dos animais à adição de sais aniônicos nas dietas do pré-parto é rapidamente observada. Geralmente, em 48h após o início da dieta, o pH sanguíneo já se encontra levemente acidificado. Mas acredita-se que seja necessário de 5 a 7 dias para que o efeito da redução do pH se manifeste nos mecanismos de homeostase do cálcio.
O uso da dieta aniônica (baixo BCAD) resulta nos seguintes benefícios:
1- Maior status de cálcio no sangue;
Antes da utilização das dietas aniônicas, algumas perguntas devem ser respondidas:
1- A dieta do pós-parto está balanceada corretamente?
Não vai adiantar fazer tudo de forma correta no pré-parto se não vai haver uma sequência de um bom manejo no pós-parto para manter os animais com menor risco de doenças e melhor desempenho.
2- As vacas estão ingerindo a quantidade certa de dieta?
O lote de pré-parto tem uma entrada e saída constante de animais. Portanto, a quantidade de dieta fornecida tem que ser ajustada diariamente, em função do número de animais no lote.
3- Tem água de qualidade e abundante para os animais?
A água é de vital importância para ajudar a melhorar o consumo e deve ser de boa qualidade para não interferir na eficácia da dieta aniônica.
4- A separação de lotes está correta?
É importante ter o lote de vacas secas e o lote de vacas no pré-parto, para usar a dieta aniônica somente no lote de pré-parto mesmo, no período de aproximadamente 21 dias antes do parto.
5- Há monitoramento do pré-parto?
Não adianta fornecer uma dieta aniônica se não houver um monitoramento de consumo e de pH urinário para verificar a eficácia dessa dieta, e também um monitoramento de doenças.
O custo será de R$2,25 por vaca, por dia. Em 21 dias aproximados de fornecimento da dieta, o custo total da suplementação no ano é de R$ R$ 2,25 x 21 = R$ 47,25 por vaca. É um ótimo custo benefício!
O uso de dietas aniônicas no pré-parto é uma ferramenta nutricional muito eficaz, mas somente a manipulação do BCAD não é suficiente! A dieta precisa estar bem balanceada (principalmente com relação a vitaminas minerais), deve-se verificar a quantidade ingerida, se não falta água de qualidade, se não há consumo de volumoso com alto teor de potássio e se há conforto para os animais.
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