Texto do Gestor de Matérias Primas Lácteas da Verde Campo, Sávio Santiago, publicado no site da Milkpoint.
É raro encontrar na nossa atividade, produtores que não tem apreço por seus animais. Os sinais são claros: nomes carinhosos, afagos, rotinas que demonstram que o manejo é tranquilo, como por exemplo – animais que caminham para a sala de ordenha por conta própria, na hora certa, que sabem sua posição na área de alimentação. Porém, o bom sentimento e as boas intenções não bastam para garantir que os animais vivam com bem-estar. Falhas de manejo, planejamento e estruturais podem colocar o rebanho em risco, diminuindo a produção e a longevidade.
Propriedades que estão avançadas na rotina das boas práticas em bem-estar animal conseguem um melhor aproveitamento da capacidade produtiva do rebanho. Um exemplo recente disso é a grande adesão na atualidade para sistemas de confinamento compost barn. Produtores têm sido atraídos para o sistema pelo considerável aumento de produção média, quase que instantâneo, que conseguem ao tirar as vacas em produção de ambientes menos especializados, com destino aos galpões. Esse sucesso nada mais é do que a recompensa que as vacas dão a uma iniciativa que aumenta o conforto e o bem-estar delas.
Não é necessário, entretanto, que todos os produtores adotem o compost barn como sinônimo de bem-estar. Quando mal planejado, ele pode ser uma ferramenta de efeito contrário. Outros sistemas de produção são perfeitamente adaptáveis ao melhor conforto animal. Temos fazendas em pastejo, sistemas mistos e outros tipos de confinamento que tem excelentes padrões, conseguindo ótimos resultados na nossa certificação BPBEA (Boas Práticas em Bem-Estar Animal).
Ao implementar essa certificação, a Verde Campo está atendendo demandas convergentes com os valores e com as crenças que direcionam as atividades da empresa. Entendemos que propiciamos conforto aos animais, resultados financeiros aos produtores e garantimos para os nossos consumidores que ao comprar as nossas marcas, estarão participando de uma cadeia que não permite maus tratos e uma exploração descompromissada com os animais. Crises éticas de grandes proporções, principalmente na Europa, já causaram prejuízos para os produtores.
Mudanças tiveram que ser realizadas a toque de caixa para evitar maiores problemas. Atualmente por exemplo, a produção de suínos na Europa tem requisitos de bem-estar muito superiores aos adotados no Brasil. Alguns países do bloco impõem barreiras a compra de suínos brasileiros em função das diferenças nesses padrões. Está estabelecida então uma tendência mundial: o consumidor não quer somente qualidade final no alimento, mas quer saber como é produzido. Se o sistema de produção respeita o meio ambiente, as pessoas envolvidas e se é adequado aos animais.
A certificação que implantamos BPBEA foi planejada a partir do conceito das 5 liberdades, criado em 1979 pelo Farm Animal Welfare Council. As liberdades fundamentais são:
A seguir, um esquema que resume pontos de atenção primordiais direcionados pelas cinco liberdades:
Ao iniciar o processo de certificação em bem-estar animal, técnicos especializados realizam um check list de admissão da fazenda. São definidos itens para adequação e após adoção das práticas desejadas , a propriedade recebe a visita de um auditor externo. Atingindo a pontuação necessária, é conferida a certificação anual BPBEA. Uma propriedade certificada BPBEA, tem os procedimentos monitorados e padronizados, vinculados sempre a uma ou mais liberdades com padrões auditáveis específicos.
Exemplifico a seguir, alguns itens resumidamente (o check list original tem itens de A a Z mais padrões auditáveis):
1 – Livre de fome e sede:
2 – Livre de desconforto:
Fotos 1 e 2: área de espera sem sombra e sala com temperatura controlada > mais conforto, mais produção.
Fotos 3 e 4: ambiente inadequado e ambiente controlado e com conforto > reflexo na produção e na sanidade.
3 – Livres de dor, lesões e doenças:
Fotos 5 e 6: piso acidentado causando lesões de casco e dor na rotina. Outra sala simples, mas com piso adequado.
Fotos 7 e 8: animal infestado de carrapatos e animal sem infestação > mais capacidade produtiva, conforto e sanidade.
4 – Livres para expressar seu comportamento natural:
5 – Livre de medo e angústia:
Todos os itens acima, além dos que não mencionamos no texto se não observados, têm reflexos imediatos na produção na reprodução e na sanidade. O benefício financeiro alcançado com a adoção de práticas adequadas ao bem-estar dos animais é importante, mas o grande objetivo é o respeito aos animais
Produtores de todos os tamanhos e sistemas são capazes de conseguir internalizar os hábitos que propiciam o bem-estar. Na Verde Campo estamos levando essa oportunidade a todos, sem qualquer distinção.
Fotos 9 e 10: Sérgio Sebastião, de Nazareno/MG e Diego Ribeiro, de Madre de Deus/MG. Tamanhos e sistemas diferentes, mas um propósito.
Temos visto ultimamente protestos isolados realizados por extremistas protetores dos animais. Os argumentos utilizados por eles são vazios, radicais e não representam a meu ver uma preocupação que deve ser levada a sério pela cadeia produtiva do leite. Porém, está claro que os consumidores estão mais esclarecidos e que preferem alimentos que comuniquem seus valores. Devemos priorizar as boas práticas em várias etapas do processo produtivo além de nos certificar de que estamos realmente fazendo o correto.
A produção de leite sempre foi uma atividade respeitada, que propicia renda e emprego a uma camada importantíssima da população. É de primordial importância adotar atitudes que melhorem continuamente a reputação do setor, combatendo às mentiras e os ataques absurdos com bons exemplos.
Você sabia que o escore de locomoção pode ser uma ferramenta de bem estar animal?
Apaixonados por educação para o campo! Incansáveis. Ilimitados. Somos um time de talentos, prontos para realizar, para encantar e mais prontos ainda para transformar.
Rua Paulino de Faria, 1269
Centro, Delfim Moreira | MG
Escola Técnica e Processo Seletivo:
+55 (35) 99853-3466