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Monitoramento das doenças mais comuns em bezerras




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Trabalho de Formação Técnica apresentado pelas alunas Grazieli Coimbra e Luciana Carvalho  na conclusão do Curso Técnico em Agropecuária da FUNDAÇÃO ROGE  em 2021.

 

A fase de cria de um bezerro é considerada uma das mais complexas, devido às ocorrências de doenças que podem causar o aumento de morbidade e mortalidade. O monitoramento constante dos animais, do manejo e das instalações têm sido cuidados essenciais para diminuir essas ocorrências. Tendo em vista que o sucesso da pecuária de leite está associado com o bom desenvolvimento dos bezerros na fase de cria, os cuidados com os animais devem começar antes mesmo de eles nascerem.

Um período delicado

 

Em consequência da baixa imunidade, as bezerras são mais vulneráveis a contrair pneumonias, diarreias, tristeza parasitária bovina (TPB), e onfalopatias. E para minimizar esses problemas de saúde é necessário o monitoramento contínuo dos animais, do ambiente onde ele vive e do manejo feito com o mesmo. Martini (2008 apud SILVA et al., 2019), diz que a fase entre o parto e o desmame é assinalado como o mais delicado na vida do animal, onde 75% das mortalidades dos bezerros acontecem durante seu período neonatal (28 dias). 

Quais são as doenças mais comuns na fase de cria?

 

As doenças que mais acometem os bezerros durante sua fase de cria são as diarreias, as onfalopatias, a pneumonia e a tristeza parasitária bovina. No entanto, a diarreia não é uma doença e sim um sinal clínico. Essa diferença de termos, é porque várias enfermidades causam um aumento do fluxo de evacuação, desta forma, podendo ser causada por diversos patógenos. “Os agentes causadores capazes de causar estas doenças são ubíquos”. (SILVA et al., 2019). 

Diarreia

 

Esse sinal clínico faz com que o bezerro perca grande quantidade de líquido, trazendo como consequência a desidratação do animal (SILVA et al., 2019). “Estima-se que mais de 50% das mortes de bezerros estão relacionadas à diarreia” (CHO et al., 2010 apud JUNIOR, 2015). 

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA (2017 apud SILVA et al., 2019) existem vários tipos de agentes causadores dessa enfermidade, como as bactérias, vírus e protozoários. A adoção incorreta de manejo e a falta de higiene no ambiente onde os animas são alojados, são causas consideradas não infecciosas da diarreia (BARTELS et al., 2010 apud JUNIOR, 2015). 

Os animais diagnosticados com essa enfermidade apresentam os seguintes sintomas: 

  • Apatia 
  • Fezes líquidas
  • Desidratação
  • Dores abdominais
  • Fraqueza
  • Perda de peso
  • Pelos arrepiados. 

 

O diagnóstico prático inicia-se com exame físico completo dos bezerros afetados, com mensuração de temperatura, frequência respiratória, avaliação da condição geral do bezerro e de seu nível de desidratação (CHAGAS, 2015). 

A faixa etária do animal é um fator importante para deduzir o agente causador dessa enfermidade (CHAGAS, 2015). 

Como prevenção da diarreia, o ambiente onde o animal estará instalado deve ser um local limpo, seco, ventilado e com uma proteção contra ventos e chuvas. O colostro também deve ser administrado corretamente, respeitando os critérios de tempo, quantidade e qualidade.

 A vacinação no pré-parto de vacas no final da gestação é um manejo eficiente na prevenção da diarreia em bezerros (CHAGAS, 2015). 

Tristeza parasitária bovina

 

A tristeza parasitária bovina (TPB) é um complexo de doenças causadas por infecção Babesia e Anaplasma, transmitidas por carrapatos (Rhipicephalus - Boophilus- microplus) e moscas hematófagas (Stomoxys calcitrans) (SILVA et al., 2019). Os sinais clínicos dos bezerros acometidos com TPB são: 

  • Febre e anemia
  • Mucosas pálidas ou levemente amareladas
  • Respiração acelerada
  • Ausência de apetite
  • Pelos arrepiados
  • Apatia
  • Batimento cardíaco acelerado

 

O diagnóstico da tristeza parasitária bovina deve ser feito através de dados epidemiológicos, dos sinais clínicos do animal, e de exames laboratoriais (COSTA et al., 2011). O diagnóstico laboratorial torna-se de extrema importância para a confirmação da doença e, consequentemente, para fazer o tratamento específico dos animais e com isso, reduzir também os custos com medicação (FARIAS 2007 apud COSTA et al., 2011). 

Para a prevenção da TPB é necessário fazer o controle do transmissor da doença e evitar o compartilhamento de instrumentos perfuro-cortantes (agulhas e lâmina de bisturi) entre os animais (GUIMARÃES, 2018).  

Pneumonia

 

“A pneumonia está entre as doenças respiratórias mais frequentes em bovinos, principalmente em animais jovens” (HARTEL et al., 2004 apud SILVA, 2019). “As pneumonias consideradas de maior importância são as pneumonias intersticiais e as broncopneumonias” (ANDREWS et al., 1992; RADOSTITS et al., 2002 apud GONÇALVES, 2009). 

A pneumonia nos bezerros ocorre em até os dois anos de idade, sendo que a maioria até o desmane do animal (CROWE, 2001 apud GONÇALVES, 2009). 

Os sinais clínicos dos bezerros acometidos com pneumonia são: 

  • Febre entre 40 e 41°C
  • Fraqueza
  • Respiração acelerada
  • Dificuldade para respirar
  • Tosse
  • Sons respiratórios anormais
  • Secreção nasal ou lacrimal

 

Alguns exames complementares também podem ajudar no diagnóstico da pneumonia (GONÇALVES, 1997 apud GONÇALVES, 2009). 

Como medidas preventivas, a higiene e o manejo com o ambiente em que o bezerro estará instalado, devem ser feitos corretamente. A colostragem também deve ser administrada.

Onfalopatias

 

As onfalopatias são infecções umbilicais em bezerros, classificadas em não infecciosas e infecciosas que ocorrem com maior frequência na primeira semana de vida do animal (RADOSTITS et al., 2002 apud SILVA, 2019). 

Os sinais clínicos dos bezerros acometidos com onfalopatia são: 

  • Aumento do umbigo
  • Dores abdominais
  • Febre
  • Umbigo febril
  • Secreção purulenta no umbigo
  • Dor no umbigo a palpação

 

“As infecções umbilicais podem ser diagnosticadas por meio do exame físico e exames complementares” (MEIRELES et al., 2019). 

Como prevenção é importante fazer a desinfecção correta do umbigo do bezerro deixando-o mínimo possível aberto, pois o umbigo é a porta de entrada para agentes causadores de diversas doenças (RENFIGO et al., 2010 apud SILVA et al., 2019). 

Para desinfecção do umbigo, deve-se utilizar iodo a 10% em um recipiente sem retorno, e após a imersão do umbigo com o produto, deve despresar o excedente, não.

 Por que é importante monitorar?

 

É de suma importância que o produtor se preocupe com este período de cria e cerque-se de ferramentas que possam ajudá-lo a desenvolver animais fortes e sadios. 

Além dos cuidados essenciais para o sucesso nessa fase, o auxílio ao responsável pelo bezerreiro no diagnóstico das doenças irá ajudá-lo a ter uma rápida identificação do problema. Com isso espera-se que haja uma recuperação acelerada do animal, diminuindo os índices de mortalidade. 

Proposta de monitoramento

 

As Técnicas em Agropecuária da Academia do leite/FUNDAÇÃO ROGE, Graziele Coimbra e Luciana Carvalho, criaram uma planilha de monitoramento de doenças recorrentes em bezerros durante sua fase de cria. Esse projeto, desenvolvido através de um estudo de caso, pôde auxiliar no diagnóstico das doenças de acordo com os sinais clínicos que o animal manifesta. Apresentando também as medidas preventivas e as causas de cada doença estudada. 

Como usar a planilha?

 

De acordo com as figuras abaixo, abrindo a planilha terá uma saudação, e logo abaixo um botão na cor vermelho escrito “Diagnóstico da doença”. Clicando neste botão, abrirá a aba de seleção dos sinais clínicos (segunda imagem), onde deve-se adicionar o número 1 para os sintomas que o bezerro apresentar. O botão “Menu”, tem a função de voltar para a aba inicial. E o botão “Diagnóstico” tem a função de mostrar o resultado final da doença identificada. 

Monitoramento das doenças mais comuns em bezerras      Monitoramento das doenças mais comuns em bezerras

Na descrição, foi deixada uma explicação de uma maneira mais detalhada de cada sintoma presente na planilha (primeira figura abaixo). 

O resultado da doença encontrada será dado em porcentagem. É necessário clicar em cima da célula com o nome da doença diagnosticada para conhecê-la melhor. Ao clicar, uma aba será aberta, apresentando a descrição da doença onde terá a definição da doença, as medidas preventivas e suas causas, como demonstrado na segunda imagem abaixo.

Monitoramento das doenças mais comuns em bezerras Monitoramento das doenças mais comuns em bezerras

Resultados dos testes com a planilha

 

A planilha auxiliou no diagnóstico das doenças, onde logo após a identificação da enfermidade, os animais receberam o tratamento necessário. No entanto, identificou-se que esse protótipo não terá o mesmo resultado se não houver um monitoramento constante dos animais. Tendo em vista que, para alcançarmos um tratamento eficaz é preciso ter o diagnóstico da doença o mais rápido possível. Também percebeu-se que algumas adaptações podem ser feitas a essa planilha, buscando facilitar o acesso dos produtores a essa ferramenta.

Para baixar a planilha de monitoramento das doenças mais comuns em bezerras clique aqui.

 

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