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Uma foto ou um filme sobre o controle de carrapatos em bovinos?




Uma foto ou um filme sobre o controle de carrapatos em bovinos?

*Artigo originalmente publicado pela Bayer Saúde Animal, no site da Milkpoint

Em várias situações cotidianas, parece ser mais interessante olharmos os fatos como se estivéssemos assistindo a um filme, e não como se estivéssemos vendo uma foto. Este tipo de abordagem permite que vejamos os fatos de forma mais dinâmica e mais abrangente. Quando tratamos de problemas sanitários em rebanhos bovinos, também é interessante, buscarmos este tipo de abordagem.

Neste artigo, a intenção é a de procurarmos pensar o controle de carrapatos em bovinos, por este âmbito.

Quando percebemos que os carrapatos que acometem o gado estão fora de controle, quando vemos vacas altamente infestadas, por vezes, tomamos atitudes baseadas na foto não muito agradável deste momento.

Mas vamos tentar ver e observar a presença de carrapatos nos animais e todo processo envolvido, como um filme.

Sabemos que os carrapatos, que vemos nos animais, representam cerca de 5% de toda população de carrapatos presente naquele ambiente. Conhecemos a informação de que cada fêmea bota em média 3.000 ovos, e que de cerca de 1.500 destes ovos eclodem fêmeas de carrapatos. Estas fêmeas irão seguir suas fases de vida e gerar cerca de mais 3.000 ovos, e assim, sucessivamente.

Nossa visão do filme já começa por aí. Se nada é feito para reduzir a proliferação dos carrapatos de forma eficiente, a população de carrapatos no ambiente tende a se multiplicar e de forma bem rápida.

Os métodos de controle de carrapatos têm por objetivo principal, reduzir a população de carrapatos no ambiente.

Ao adotarmos um protocolo de controle de carrapatos eficiente, e de forma disciplinar, usamos os animais como “aspiradores” de carrapatos do pasto. De forma simplificada, podemos dizer que todos os carrapatos que subirem nos animais tratados com o(s) produto(s) escolhido(s) para uso, entrarão em contato com o(s) produto(s) e irão morrer.

A menor infestação de carrapatos nos animais é o resultado mais importante em termos sanitários, sendo consequência da redução de carrapatos nas pastagens.

O uso de produtos carrapaticidas, para controle dos carrapatos em uma determinada propriedade, pode variar de acordo com alguns fatores como: características das instalações, tipo de exploração, grau de sangue do gado, equipamentos e mão-de-obra disponíveis, entre outros.

A estratégia, mais comumente divulgada, para o controle dos carrapatos é a aplicação de produtos carrapaticidas em intervalos em torno de 21 dias.

Outra forma defendida por estudiosos sobre controle de parasitas em bovinos sugere a aplicação dos carrapaticidas, quando a maioria dos carrapatos presentes nos animais, se encontrarem em uma determinada fase do seu ciclo de vida. Esta indicação encontra fundamento em um fato muitas vezes pouco divulgado sobre o ciclo de vida dos carrapatos, brevemente comentado a seguir.

Estudos mostram que os carrapatos machos fecundam as fêmeas, em torno de 17 dias após realizarem a fixação no hospedeiro. Depois de fecundada, a fêmea começa a se ingurgitar, o que ocorre de forma mais significativa, nas últimas 12 ou 24 horas antes de cair do hospedeiro, para realizar a postura dos ovos no ambiente. Esta rápida passagem para fase de jabuticaba, ocorre normalmente a noite, o que permite que o carrapato se proteja de seus predadores, pois se tornam visíveis (jabuticabas) durante o período onde os seus principais predadores (aves) não estão ativos.

Também é interessante procurarmos entender que a população de carrapatos no pasto pode aumentar ou diminuir, de acordo com a adoção de tratamentos ou não no momento correto, e da eficácia destes tratamentos.

Vários produtos, com diferentes métodos de aplicação, estão disponíveis no mercado com indicação de uso para o controle de carrapatos. Conforme mencionado, a escolha do melhor produto depende da análise de vários fatores e características envolvendo a situação e as propriedades, onde se deseja implantar o controle.

Quando atingimos uma situação aceitável de infestação, e com isso aumentamos o tempo de intervalo das aplicações, ou até mesmo, deixamos de aplicar carrapaticidas, permitimos que os carrapatos voltem a se multiplicar, levando novamente ao aumento da população de carrapatos no pasto e nos animais.

Das informações compartilhadas acima, podemos extrair algumas sugestões que podem nos auxiliar quanto à adoção de protocolos de controle dos carrapatos dos bovinos mais eficientes:

-?X devemos identificar o produto ou os produtos mais eficazes para uso em nossa propriedade, para isso podemos adotar testes apropriados com esta finalidade.

-?X não parece ser favorável ao controle, aplicarmos os produtos, apenas quando passamos a ver as teleógenas (jabuticabas) em maior quantidade nos animais, pois, muitas delas já caíram ou irão cair no solo, fazendo a postura dos ovos e mantendo alta a população de carrapatos no pasto.

-?X devemos ter consciência que protocolos de controle, uma vez adotados de forma satisfatória, não têm duração para toda vida. A população de carrapatos tende a aumentar novamente, quando paramos de controlá-la, ou quando há o surgimento e proliferação de carrapatos resistentes aos produtos que estejam sendo utilizados. Como todo assunto que envolve a vida, o dinamismo deve ser observado e respeitado.

Diante do exposto, observarmos a situação como um filme, parece ser mais interessante do que a observarmos como uma foto.

 

 

Além dos carrapatos, algumas doenças comuns nos rebanhos bovinos afetam a saúde dos animais. No período de transição, por exemplo, algumas delas tiram o sono dos criadores.

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Rômulo Mendes Junior

Rômulo Mendes Junior

É Médico Veterinário e Representante Técnico comercial na Elanco - Unidade de Negócios Ruminantes. Parceiro da Academia do Leite, acredita que o profissional que atua na área de vendas deva exercer uma busca constante do aprimoramento dos perfis técnico e comercial, de forma conjunta.