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O desafio da sucessão familiar nas empresas




O desafio da sucessão familiar nas empresas

A sucessão familiar nas empresas é um assunto complexo e delicado. Envolve sentimentos, ressentimentos e uma série de outras questões muito pessoais de cada estrutura familiar. Traz à tona afinidades e divergências nas relações entre pais e filhos, entre irmãos e outros envolvidos. Tudo isso afeta o processo de sucessão, sem dúvida nenhuma.

O sucesso nos negócios nem sempre está acompanhado do sucesso na vida pessoal familiar. Um empresário de conquistas reconhecidas, que é capaz de administrar e organizar as tarefas da empresa pode não ter a mesma admiração perante seus entes, o que pode complicar qualquer conversa sobre a sucessão. Além dessa questão, o fundador costuma dizer “Fiz isso para vocês!”, quando na verdade o que foi feito nem sempre foi vontade dos herdeiros e pode não ser de interesse deles.

Neste contexto, a cultura familiar também diz muito sobre o sucesso ou não da sucessão nos negócios.

Desafios da sucessão

 

Segundo o empresário e consultor Renato Bernhöeft, especialista em famílias empresárias, os maiores desafios de sucessão familiar nas empresas são:

1. A sucessão da primeira para a segunda geração

 

Geralmente os empreendedores fundadores têm dificuldade de entender em que momento devem pensar e planejar a continuidade do projeto criado. Geralmente é difícil o fundador querer lidar com este assunto. Ele precisa querer tratar disto e tratar disto primeiro, no âmbito familiar.

2. A sociedade entre irmãos

 

Os herdeiros não se escolheram como irmãos, nem como sócios. O fundador precisa entender que os filhos não estão herdando um patrimônio, mas algo muito mais complexo, que implica lidar com os sócios. 

Segundo Renato, 70% das empresas familiares que desaparecem no Brasil, têm como causa os conflitos e disputas familiares não resolvidas.

“Quem tem sócio tem patrão. Tem que dar satisfação. E os herdeiros precisam entender isso.” Não há como repetir o modelo da primeira geração, com um dono.

Toda sociedade se fixa em uma relação de confiança, dinheiro e poder. Três variáveis muito delicadas, principalmente entre membros da mesma família. 

3. A indicação do sucessor

 

O fundador não deve escolher um sucessor! Sempre haverá o risco de, na ausência do fundador, os outros sócios questionarem a liderança do escolhido. É mais seguro provocar uma conversa e ver se entre os herdeiros emerge a sugestão de uma liderança, que neste caso será conquistada e legitimada pelos demais.

4. A liberdade dada aos sucessores

 

O criador da empresa precisa dar liberdade aos herdeiros para que definam os rumos a partir da sucessão. Essa talvez seja uma das questões mais difíceis neste processo porque quem criou conquistou poder, mas a continuidade depende dos descendentes.

O consultor destaca que é interessante o fundador encontrar outra fonte de poder para conseguir abrir espaço aos herdeiros na empresa. Trabalhos sociais e políticos costumam ser os caminhos mais buscados. Fundadores não se aposentam!

5. A nova geração tem que agregar valor

 

Como sócios, atuando em harmonia na definição das estratégias do negócio, os herdeiros precisam agregar valor à empresa para que ela tenha continuidade, e não faça valer o ditado: “Pai rico, filho nobre, neto pobre.” 

Todas as gerações precisam saber a história da empresa, como começou e porque começou. E a partir daí, tomar decisões que gerem valor a essa história.

6. A boa comunicação é fundamental

 

Se a família administra o negócio, é preciso criar fóruns para as reuniões deste conselho familiar, preferencialmente fora da empresa para discutir todas as questões. Neste conselho da família é necessário haver uma liderança, dada a um indivíduo que tenha habilidades como trânsito entre todos, capacidade de ouvir e de gerar consenso.

7. Quem são os sucessores?

 

Apenas na primeira geração é que o dono era o administrador, o membro da família que tinha o poder e ao mesmo tempo era o presidente ou gestor. A partir da segunda geração, é importante avaliar quem irá assumir as seguintes funções: líder perante o conselho da família, gestor e investidor, respeitando as habilidades necessárias a cada uma delas.

“Se você criou algo que considera importante, trate da continuidade disso independente da sua presença. Entenda que a sua obra se tornou mais importante que você. E você herdeiro, perceba que o que irá receber é um patrimônio dividido, que pressupõe que se tenha entendimento entre todos. Tenha humildade suficiente para entender o que é ser sócio”.

 

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Fundação Roge

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