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Controle sonoro da cigarrinha-do-milho




Controle sonoro da cigarrinha-do-milho

Trabalho de Formação Técnica apresentado pelos alunos Ciluana Lara da Mata e Davi Mota Pereira de Assis  na conclusão do Curso Técnico em Agropecuária da FUNDAÇÃO ROGE  em 2022.

 

No cenário mundial, o Brasil é, atualmente, o quinto maior exportador de produtos agropecuários (FAO, 2021). Neste contexto, o uso de agrotóxicos representa um enorme gasto ao país, além do fato de que o uso intensivo de agrotóxicos utilizados no controle de doenças, pragas e plantas invasoras na agricultura promovem problemas de ordem ambiental e à saúde humana.

Nessas circunstâncias, o uso de técnicas capazes de substituir a aplicação de produtos químicos, permitindo o desenvolvimento de sistemas de cultivo mais sustentáveis e, portanto, menos dependentes do uso de agrotóxicos estão sendo mais almejadas. Sabia que uma dessas técnicas é a utilização de ondas sonoras?

Ondas sonoras no controle de insetos

 

Diversos estudos comprovam que ondas sonoras afetam os insetos de diferentes maneiras. Giovanella (2013) comprova que dependendo das frequências sonoras que cupins de madeira seca (Cryptotermes sp.) são expostos, é possível causar letargia e danos permanentes no sistema de equilíbrio. Corroborando, Pertot et al. (2016), comprovaram que utilizar vibrações sonoras com frequências, intensidades e padrões temporais específicos, em conjunto com odor de feromônios, perturba a reprodução da espécie S. titanus, impedindo o acasalamento de mais de 90% dos pares desses insetos.

 

Os prejuízos da cigarrinha-do-milho

 

Nos últimos anos, a cigarrinha-do-milho vem ganhando destaque devido aos danos causados ao cultivo de milho, tanto em safra quanto em safrinha. Na fase adulta, estes insetos provocam injúrias nas plantas através da sucção de seiva e transmissão de agentes patogênicos como molicutes (bactérias) e vírus, responsáveis pelo desenvolvimento de três doenças: enfezamento vermelho, enfezamento pálido e risca do milho (EQUIPE FIELDVIEW™, 2021; WAQUIL, 2004; COTA et al. 2021). Quando presente nas lavouras, são observados no cartucho do milho, possuem coloração branco-palha, medem em torno de 3,5 a 4,5 mm de comprimento quando totalmente desenvolvidos.

Embora o milho seja o único hospedeiro conhecido desse inseto no Brasil, o mesmo pode usar outras plantas como sorgo, trigo e espécies do gênero brachiaria como alojamento (COTA et al., 2021).

 

Protótipo sonoro para o controle da cigarrinha

 

Perante o exposto, os alunos da FUNDAÇÃO ROGE, Ciluana da Mata e Davi Assis, apresentaram um modelo alternativo a ser utilizado no controle da cigarrinha-do-milho, por meio de um dispositivo capaz de emitir frequências sonoras, durante o ciclo de cultivo do milho, fazendo o controle da população na lavoura sem utilizar agrotóxicos

Foram realizados testes para avaliar a ação da frequência sonora sobre os insetos presentes na lavoura experimental, foi desenvolvido um protótipo que gera frequências sonoras, utilizando-se da energia fotovoltaica e, posteriormente aos testes, foi avaliada sua eficiência.

 

Contexto do estudo

 

O presente estudo foi conduzido na Fazenda Santo Antônio, propriedade localizada no bairro Berizal, no município de Tremembé, São Paulo. A propriedade possui área total de aproximadamente 500 hectares, onde é realizado atividade agrícola em 420 hectares com cultivo de milho, arroz, soja, aveia e trigo e no restante da área é conduzida a pecuária de corte. A produção agrícola é vendida como milho em grão a granel e ensacado, silagem ensacada e a granel, grãos de aveia ensacados, fubá, farelo de aveia e de soja e grãos de soja ensacados.

Observou-se nesta propriedade, danos com o enfezamento vermelho e risca do milho, tendo as raízes afetadas, crescimento desacelerado e redução do desenvolvimento de espigas, além disso, houve gastos com as aplicações de agrotóxicos. 

 

O protótipo

 

Foi criado pelos alunos, um protótipo capaz de fazer a emissão de frequências sonoras de 700Hz, alimentado por energia solar, para ser instalado na lavoura do milho logo após a germinação, ficando ativo sem interrupções até a colheita.

O protótipo foi construído com duas caixas de som capazes de emitir frequência sonora de 700Hz abrigadas por uma ratoeira da marca Quimiagri e alimentadas por uma bateria portátil carregada por uma placa solar. Este protótipo é fixado em um cano PVC, que permite regular a altura através do uso de um vergalhão de 10 cm. 

Controle sonoro da cigarrinha-do-milho

Imagens do protótipo instalado: os autores

 

Resultados obtidos

 

Observou-se que frequências sonoras de 700Hz alteram o comportamento das cigarrinhas, sendo observado que algumas ficaram letárgicas e/ou tiveram suas funções motoras prejudicadas, matando-as posteriormente. 

O protótipo mostrou-se eficaz em alterar o comportamento da população da cigarrinha-do-milho na área testada, contudo necessita de adaptações para que não haja o superaquecimento.

Clique aqui para acessar o trabalho completo realizado pelos técnicos.

 

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