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A Arte de educar pequenos imperadores




A arte de educar pequenos imperadores

É bastante comum hoje em dia ouvirmos pais pronunciando frases tais como “meu filho tem muita personalidade”, ou “ele é pequeno,  mas já sabe muito bem o que quer” ou ainda “minha princesinha não gosta de ser contrariada”, frases estas que buscam justificar a falta de autoridade dos pais, os quais tentam explicar as crises de agressividade que suas crianças e adolescentes manifestam quando frustrados em seus desejos.

O desafio da educação do século XXI ultrapassa os limites da simplicidade que existia na época de nossos pais e avós.  Parece que hoje em dia é tudo tão mais complicado quando se trata de delimitar para o filho horário para voltar da casa do amigo ou dizer não para comprar aquele celular do último tipo ou o tênis da moda que todos os amigos possuem. Mas por que isso acontece? Simplesmente por que os pais atuais não conseguem fazer o que os seus pais faziam com muita competência: “dizer NÃO” e “bancar o NÃO” independentemente das birras ou caras feias dos filhos.   

De quem são as regras?

 

A geração de pais nascidos nas décadas de 60 e 70, na tentativa de não cometer os “erros” de seus progenitores, de oferecer aos filhos todo o conforto e as condições gerais de vida melhores às que tiveram e, na intenção de evitar que eles sofram qualquer tipo de dor parece que se perdeu nas práticas da educação infantil. A convivência com os pequenos nascidos no século atual tem sido um verdadeiro caos em alguns contextos familiares, com inversão de autoridade entre pais e filhos, realização de desejos dos filhos como premissa básica da educação e, dentro desse cenário, quando menos se percebe, a família toda está vivendo em função dos “pequenos imperadores” que ditam as regras gerais da casa: que horas dormir, o que comer, onde sentar no restaurante, que celular e que marca de tênis comprar.

Limite, atenção e afeto

 

Mas será que existe uma fórmula mágica ou uma receita certeira para educar crianças e adolescentes no mundo atual? Se esta fórmula existe ela ainda não foi divulgada por nenhum especialista comportamental, mas é sabido que limite, atenção e afeto são ingredientes fundamentais na educação de toda criança e adolescente. Vamos a eles:

LIMITE – Passar por experiências negativas, sentir-se triste em função de perdas, ter que esperar para a realização de desejos, saber perder na competição da escola, ouvir “nãos”, arcar com as consequências das escolhas feitas  são benefícios valiosos na formação de toda criança, pois desenvolve nela recursos internos de defesa e resistência emocional. Mas esses benefícios são ainda mais efetivos se, juntamente com as experiência vivenciadas, a criança conheça os “porquês” de tudo e isso se consegue com diálogo com os pais: ouvindo e falando para que cada fato seja esclarecido e a lição seja aprendida.

ATENÇÃO – Observar o filho, ler seus comportamentos, perceber suas mudanças de humor, se chegou triste da escola, se está feliz por alguma razão, enfim demonstrar à ele que seu foco está nele faz toda a diferença no seu comportamento. Não dá para dividir a atenção do filho com o celular ou com a novela ou o jornal, ele precisa sentir que o pai ou a mãe está por inteiro com ele.  Tempo é um ingrediente escasso hoje em dia, mas fará muito bem ao seu filho se você, pai ou mãe, passar uma tarde andando de bicicleta com ele, ou jogando bola com ele no campinho perto de casa, sentando para saber como foi seu dia ou apenas “jogando conversa fora” com ele. Isso tudo será mais eficaz do que dar à ele um dinheiro para gastar no shopping.

AFETO – Demonstrar amor ao filho independentemente do comportamento que ele apresente é fundamental para a formação e fortalecimento de sua autoestima. Ele precisa se sentir amado pelo que é e não pelo que faz ou deixa de fazer. Mas, se seu comportamento é inapropriado ele precisa de orientação lúcida dos pais mostrando à ele o certo e o errado. Pais representam a expressão máxima de afeto aos filhos, portanto, rótulos são marcantes ao filho e, muitas vezes, palavras ditas com veemência podem trazer consequências irremediáveis e marcas indeléveis, difíceis de serem apagadas até a vida adulta. Puna o comportamento do seu filho e oriente-o como se comportar da forma correta, mas nunca o prive de seu amor por conta de um mau comportamento que ele manifeste.

A parceria entre a família e a escola

 

Fazer o uso destes 3 ingredientes na educação dos filhos pode trazer resultados perceptíveis positivamente em curto espaço de tempo. E eles se tornam ainda mais poderosos quando a família pode contar com o apoio da escola nos cuidados e na educação daquela criança ou adolescente que apresenta um comportamento difícil em alguma fase da vida. É importante que haja entre a família e a escola uma parceria efetiva e forte que resista aos efeitos nocivos que os outros agentes possam exercer na educação dos filhos: a TV, a internet, os “maus amigos”.  

Para Rosely Sayão, Psicóloga e Consultora em Educação, “a educação familiar e a educação escolar são radicalmente diferentes, mas complementares e uma não consegue substituir a outra. À família cabe a formação dos filhos para que se tornem pessoas de bem. À escola cabe a formação dos alunos para que se tornem cidadãos ativos, críticos, livres, capazes de buscar a justiça, de ser solidários e respeitosos e, acima de tudo, capazes de apreciar a diversidade”.

 

Nesse papel de grande parceira das famílias para a educação de pessoas de bem para o mundo, a escola precisa investir na educação socioemocional das crianças e adolescentes. Quer saber como?

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Carmem Lúcia Ferreira Alves

Carmem Lúcia Ferreira Alves

Graduada em Psicologia e em Gestão de Recursos Humanos, com extensão em Docência e com especializações em Gestão de Pessoas, em Orientação Profissional de Adolescentes, em Terapia Comunitária Sistêmica Integrativa, em Gestão Educacional e em Gestão de Empresas Produtoras de Leite pelo Sistema MDA. Apaixonada por Educação, atualmente exerce a função de Gestora Educacional e Diretora da Escola Técnica da FUNDAÇÃO ROGE, e considera que o aprendizado constante é a chave para o sucesso profissional e pessoal.