A Artrogripose é uma enfermidade congênita caracterizada por rigidez das articulações dos membros e que acomete principalmente bovinos e equinos, sendo a cirurgia o principal tratamento. Conheça o protótipo de uma tala ortopédica pós-cirúrgica desenvolvida por alunas da Academia do Leite.
As condições clínicas da artogripose são atribuídas a defeitos primários, relacionados à musculatura (displasia ou amioplasia) e ausência de neurônios motores na medula espinhal (atrofia neurogênica). (SILVA et. Al. 2004, p.131)
(Fonte da imagem: as autoras do trabalho)
Em período de estágio do Curso Técnico em Agropecuária com foco em Bovinocultura Leiteira da Academia do Leite / FUNDAÇÃO ROGE, as alunas Patrícia e Ana Gabriele perceberam este problema e resolveram fazer o estudo relatado aqui e que foi objeto de seu Trabalho de Formação Técnica, avaliado por banca examinadora em dezembro de 2020 (acesse o trabalho completo aqui).
As alunas acompanharam 3 casos de animais com fraturas anormais, onde um deles acabou indo a óbito e os outros dois se recuperaram após serem diagnosticados com Artrogripose Múltipla Congênita.
A doença Artrogripose Múltipla Congênita foi encontrada a princípio em crianças recém nascidas. Essa doença é desenvolvida quando o feto ainda está se desenvolvendo. Ela é caracterizada por múltiplas contraturas articulares, que podem incluir:
De acordo com estudos, a artogripose também pode ser encontrada em equinos, caprinos e ovinos. E a causa dessa doença pode ser a partir de doenças virais ou por ingestão de materiais vegetais teratogênicos.
Para realização do estudo, as alunas fizeram contatos telefônicos com médicos veterinários e com Universidades do Brasil.
Existe uma cirurgia encontrada como meio de recuperação desta doença chamada cirurgia de Tenotomia, que consiste na secção do tendão flexor profundo, que seria um pequeno corte no tendão.
Essa cirurgia é feita duas vezes, sendo na pata esquerda primeiro e depois da recuperação, é feita na pata direita, ou ao contrário. A recuperação consiste com o auxílio de antibióticos e antiinflamatórios durante o período de 9 meses.
A partir da observação na fazenda, nos estudos e pesquisa com outros profissionais, as alunas desenvolveram um protótipo de uma tala ortopédica para a recuperação pós-cirúrgica.
A primeira proposta foi uma tala construída com gesso, que não se apresentou eficiente devido ao peso elevado carregado pelo animal, dificultando a sua movimentação. A partir desta conclusão, outro protótipo foi criado, utilizando canos de PVC, uma matéria prima que teria um menor custo, levando em consideração o bem estar do animal juntamente com especialistas, médicos veterinários e um engenheiro mecânico.
A estrutura da tala é apresentada na imagem a seguir:
(Fonte da imagem: as autoras do trabalho)
A tala ortopédica consiste em duas bases superior e inferior. Inferior: peça para diminuir a pressão da pata do animal e para evitar contato direto da pata ao solo.
Sobre a resistência dos materiais, teve-se como matéria prima principal o material termoplástico, que seria matéria prima também de talas ortopédicas humanas para trazer maior conforto para o animal.
O protótipo consiste em uma tala ortopédica que sofreria adaptações de acordo com uma tala canina. Essas adaptações seriam quatro tipo de angulações que seriam movidas a cada 7 dias. Ela teria o foco em fazer o uso da força contrária do tendão flexor profundo e sempre focando no bem estar do animal para trazer conforto e também ter a sua locomoção normalmente e não precisaria da necessidade de medicamentos.
Em relação ao cálculo geral dos componentes do protótipo, considerando valores no segundo semestre de 2020, segue a tabela de custos para confecção em PVC, elaborada pelas autoras:
Esse protótipo é de fácil acesso e viabilidade de preço para todos os produtores, todos os membros da cadeia produtiva do leite, pequeno, médio e grande produtor. É uma solução para exceder os atos da cirurgia de Tenotomia, visando sempre o bem estar dos animais.
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