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Guia Rápido de Nutrição de Vacas de Leite




Guia Rápido de Nutrição de Vacas de Leite

Artigo publicado por Junio Cesar Martinez, Doutor em Ciência Animal e Pastagens (ESALQ), Pós-Doutor pela UNESP e Universidade da California-EUA. Professor da UNEMAT, na Milkpoint em: 2010.

O requerimento de nutrientes varia com o estágio de lactação e gestação das vacas. (...) Assim, cinco distintas fases alimentares podem ser definidas para obter ótima produção, reprodução e saúde de vacas leiteiras, como veremos neste artigo de hoje:

  1. Início de lactação - 0 a 70 dias, pico de produção de leite.
  1. Pico de consumo de alimento - 79 a 140 dias, declínio da produção de leite.
  1. Metade e final da lactação - 140 a 305 dias, declínio da produção de leite, gestação
  1. Período seco - 60, em alguns casos 40 a 14 dias antes da próxima lactação, gestação
  1. Transição e período pré-parto - 14 dias até a parição.

 

Fase 1 - Início da lactação

 

A produção de leite aumenta rapidamente durante esse período, atingindo seu pico entre 6 a 8 semanas após o parto. O consumo de alimento não acompanha o ritmo do requerimento de nutrientes para a produção de leite, especialmente para energia. Então, tecidos corpóreos são mobilizados suprir o requerimento de energia para a produção de leite, e a vaca emagrece. Assim, ajustar a vaca para a ração de início de lactação é um importante manejo prático durante essa fase. Aumentar a quantidade de grãos (energia) em cerca de 0,5 kg dia, por exemplo, aumenta a ingestão de nutrientes e minimiza problemas de acidose. Mas, quantidade excessiva de grãos, acima de 60% da matéria seca total, podem causar acidose e baixa gordura do leite. O nível de fibra na ração total nunca poderá ser menor do que 18% de FDA e 28% de FDN.

As forragens devem participar em pelo menos 21% das unidades de FDN ou aproximadamente 75% do total de FDN da ração total. A forma física da figra é também importante. Ruminação e digestão normal podem ser mantidas se pelo menos 20% das forragens tiverem tamanho de partícula de pelo menos 5 centímetros.

Proteína é um nutriente crítico durante o início da lactação, pois o seu fornecimento adequado ou excedendo o seu requerimento, ajuda a estimular o consumo de alimento e permite o uso eficiente dos tecidos corporais mobilizados para a produção de leite. Em alguns casos, as rações podem chegar a requerer 19% de proteína bruta para suportar altos níveis de produção. O tipo de proteína (degradável ou não degradável), e a quantidade, vão depender dos ingredientes da ração, do método de alimentação, e do potencial da vaca para produzir leite.

Baixa produção de leite no pico de lactação e problemas de cetose ocorrem quando os níveis de nutrientes não são alcançados. Baixo pico de lactação significa baixa produção de leite na lactação, pois para cada menos 0,5kg de leite no pico de lactação equivale a menos 110 litros de leite na lactação. A solução para evitar esse problema é forçar a vaca a aumentar o consumo de alimento, manejando-a da seguinte maneira:

- Fornecer forragem de alta qualidade

- Estar seguro de que a ração contém adequada quantidade de PB, PDR e PNDR

- Aumentar a quantidade de energia em taxas constantes após a parição

- Considerar a adição de gordura à dieta

- Permitir constante acesso ao alimento

- Minimizar ao máximo as condições de estresse

Fase 2 - Pico do consumo de alimento

 

As vacas de leite devem ser mantidas no pico de lactação pelo maior tempo possível. Nesta fase, o consumo de alimento estará perto do máximo e irá suprir a demanda por nutrientes. Nesta fase as vacas devem deixar de perder peso e manter ou ganhar pequenas quantidades diárias. Nesta fase, a ração não precisa conter mais do que 40% de carboidratos não fibrosos. A qualidade da forragem ainda deverá ser alta, a fim de manter função ruminal e gordura do leite.

Problemas potenciais durante esse período inclui uma rápida queda na produção de leite, baixo teor de gordura do leite e cetose. Para maximizar o consumo de alimento, deve-se:

- Fornecer alimentos várias vezes ao dia

- Fornecer alimentos de alta qualidade

- Limitar a quantidade de uréia, talvez em 100 gramas por dia

- Minimizar as condições que causam estresse

Fase 3 - Metade e final da lactação, gestação

 

Esta fase poderá ser fácil para manejar. A produção de leite estará declinando, a vaca estará gestante, e o consumo de nutrientes facilmente providos ou excedendo os requerimentos. A quantidade de energia poderá diminuir, pois nesta fase as vacas requerem menos quantidade de alimento para repor as reservas corporais do que vacas secas. Vacas jovens, principalmente as de primeira cria, deverão receber aproximadamente 20% a mais de nutrientes. Nesta fase, podemos aumentar a quantidade de uréia na dieta dos animais. Os problemas potenciais nesta fase são poucos, salvo o fato de que as vacas podem declinar de 8 a 10% na produção de leite por mês.

Fase 4 - Período seco - 60 a 14 dias antes do parto

 

Esta fase é crítica para o ciclo de lactação da vaca. Um bom programa de manejo de vacas secas pode aumentar a produção de leite durante a próxima lactação, e minimizar os problemas metabólicos imediatamente após a parição.

Logicamente, um programa de alimentação para a vaca seca em separado das vacas em lactação é requerido. A dieta deverá ser formulada especialmente para atender aos requerimentos das vacas secas: mantença, crescimento fetal e reposição das reservas corporais. Um mínimo de 12% de PB na ração é recomendado para essa fase. O consumo de matéria seca poderá ser próximo de 2% do peso vivo. O consumo de forragem deverá ser no mínimo 1% do peso vivo ou 50% da MS da ração total. A alimentação com grãos deverá ser de acordo com a necessidade e não exceder 1% do peso vivo. Dependendo da condição corporal, deve-se restringir a quantidade de alimento para evitar que cheguem obesas ao parto. Suprimento de cálcio e fósforo é necessário, mas deve ser evitado grandes excessos. Normalmente, o cálcio é requerido entre 60 e 80 gramas e o fósforo entre 30 e 40 gramas diárias. Também, adequado suprimento de vitaminas A, D e E ajudam na sobrevivência da cria, evita retenção de placenta e febre do leite. Minerais traços, a exemplo de selênio e outros, devem ser adequadamente suplementados.

Problemas tais como febre do leite, deslocamento de abomaso, retenção de placenta, síndrome do fígado gorduroso, falta de apetite, juntamente com outras desordens e doenças, são comum em vacas excessivamente gordas. Um bom manejo nesta fase inclui:

- Observar a condição corporal e ajustar o fornecimento de energia se necessário

- Fornecer somente os nutrientes requeridos e evitar grandes excessos

- Começar a dieta de transição duas semanas antes da previsão de parto

- Evitar excesso no consumo de cálcio e fósforo e de potássio

Fase 5 - Período de transição

 

Essa fase é bastante delicada e muito importante para ajustar a vaca seca ao parto, à ração de lactação e prevenir problemas metabólicos. Alguns grãos, não previamente fornecidos, poderão ser incluídos progressivamente nas dietas, duas semanas antes do parto previsto, visando começar a modificar a flora ruminal de uma população adaptada a uma dieta de alta forragem para uma população mista capaz de fermentar forragem e alta quantidade de concentrado. Algumas estratégias de manejo nesta fase incluem:

- fornecer grãos para adaptar o microbiota ruminal e estimular a formação das papilas ruminais responsáveis pela absorção

- Aumentar a quantidade de proteína na dieta

- Limitar ou retirar a gordura da dieta, pois pode reduzir o consumo

- Lançar mão de niacina ou sais aniônicos para ajudar a prevenir cetose e febre do leite.

Manejar vacas leiteiras não é tarefa fácil. Entretanto, uma vez observada as particularidades de cada fase do ciclo lactacional, fica mais fácil entender e superar as dificuldades de cada etapa. Ressalto novamente a importância das fases período seco e início da lactação, pois a grosso modo, são essas duas fases que determinam se o produtor terá o não resultado no balde.

Fonte: Texto montado com base nas minhas notas de aulas, conhecimento adquirido, e também do site da Universidade de Minnesota, no endereço http://www.extension.umn.edu/ (Junio Cesar Martinez)

 

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